A especulação sobre a possível saída da governadora Raquel Lyra do PSDB para o PSD de Gilberto Kassab movimentou os bastidores políticos de Pernambuco no último fim de semana. A mudança, caso confirmada, levanta questionamentos sobre a coerência política da governadora, mas também sobre os impactos para os prefeitos eleitos pelo PSDB nas últimas eleições.
O PSDB, um dos grandes vencedores das eleições municipais deste ano com 887 prefeituras conquistadas em todo o país, desponta como um partido em ascensão. Em Pernambuco, sob a liderança de Raquel Lyra, a sigla alcançou um resultado expressivo, elegendo 32 prefeitos, incluindo a importante vitória em Paulista. A possível transição da governadora para o PSD, no entanto, ameaça desestabilizar essa base recém-fortalecida e coloca em xeque o esforço do presidente estadual do PSDB, Fred Loyo, que trabalhou arduamente para consolidar o partido no estado.
A movimentação já mexe com o cenário político local, principalmente no campo das alianças. O deputado João Paulo Lima (PT), defensor declarado de Raquel Lyra, vê na possível mudança uma oportunidade para aproximar ainda mais a governadora do PT e do presidente Lula. João Paulo não perdeu a chance de alfinetar o prefeito João Campos (PSB), seu rival político, sugerindo que a aproximação de Raquel ao PT enfraqueceria as pretensões de Campos de se candidatar ao governo do estado em 2026.
“Na campanha, o prefeito se negou a garantir a vice ao nosso partido, até humilhou a legenda que desejava se compor com ele, e agora vem falar em secretaria porque sabe que a nossa aproximação com Raquel enfraquece sua pretensão de se candidatar a governador em 2026”, falou ao Blog Dellas, da competente jornalista Teresinha Nunes, em referência a polêmica entrevista de Campos ao Roda Viva. Sua fala reflete a tensão latente entre as forças políticas de Pernambuco, com cada movimento estratégico sendo observado de perto por todos os lados.
Se a governadora de fato deixar o PSDB, terá de justificar sua decisão não apenas para a direção nacional do partido, mas especialmente para os prefeitos eleitos sob sua liderança. A saída de Raquel, sem uma justificativa sólida, pode ser vista como uma traição ao ninho tucano, pondo em risco o capital político que o partido conquistou nas recentes eleições municipais. Enquanto isso, João Paulo Lima, conhecido por seu bom humor, anda tranquilo e confiante. O “deputado cannabis,” uma referência a um projeto de lei que visa regulamentar o uso medicinal da planta, aguarda o desenrolar dos fatos de camarote e torcendo para que os rumores sobre o ingresso de Raquel ao PSD virem realidade.