A eleição do silêncio em relação a pautas sensíveis é uma triste realidade no Recife. Enquanto a deputada Herica Hilton viralizou ao criticar duramente JoJo Todynho por usar as pautas LGBT+ para se promover e depois abandonar a comunidade, os políticos recifenses parecem fugir deste tipo de assunto. Aqui, estamos assistindo a uma campanha em que questões cruciais são ignoradas.
A população, acostumada a ouvir promessas eleitorais, parece repetir um ciclo de expectativas frustradas. A cada nova eleição, o roteiro é similar: candidatos fazem discursos, prometem melhorias e, uma vez eleitos, a população espera, pacientemente, a concretização dessas promessas. Esse conformismo alimenta uma realidade em que a transformação social, especialmente em pautas sensíveis como a defesa dos direitos LGBTQIAP+, fica em segundo plano. E as eleições de 2024 não fogem a essa regra.
Um exemplo claro foi a 23ª edição da Parada da Diversidade do Recife, realizada no último domingo (15). O evento, que teve como tema “Vidas LGBT+ Importam! Fundamentalismo, machismo e racismo: Dói, Machuca e Mata!”, destacou a urgência de políticas públicas efetivas para a comunidade LGBTQIAP+. Contudo, apenas três mulheres dos oito candidatos à prefeitura de Recife compareceram ao evento. Uma ausência que fala muito mais do que a presença tímida de alguns.
Ludmila Outtes (União Popular), Simone Fontana (PSTU) e Dani Portela (PSOL) foram as únicas candidatas a marcar presença na Parada da Diversidade e falar da necessidade de combater o preconceito de maneira firme e direta, de reforçar a urgência de políticas públicas que protejam e apoiem essa população e demonstrar apoio e compromisso com a causa.
E os outros candidatos? O que explica a ausência? Será que a defesa dos direitos LGBTQIAP+ não é prioridade em suas agendas ou existe o medo de perder o apoio de um eleitorado mais conservador? A ausência em eventos como esse revela mais do que o medo de perder votos; mostra a falta de compromisso de alguns candidatos com a defesa de direitos fundamentais. Em uma sociedade plural e diversa como a brasileira, o silêncio frente a questões de direitos humanos e civis é, em si, uma escolha política. E essa escolha pode ter um custo muito maior do que o desgaste eleitoral temporário.