Os debates eleitorais já vinham sofrendo com a falta de profundidade, mas a cadeirada de Luiz Datena em Pablo Marçal foi o ponto final no que restava de seriedade. O que deveria ser um momento para discussões relevantes se transformou em um show grotesco de agressividade e oportunismo. Marçal, com suas provocações meticulosamente planejadas, parecia esperar exatamente isso: ser a vítima heroica que despertaria compaixão e viralidade. Funcionou. E o que deveria ser debate virou luta livre.
O eleitor recebeu uma pancadaria ao vivo como “extra” eleitoral. Será que era isso o que se esperava? O descontrole de Datena, que cedeu à provocação, fez exatamente o que Marçal queria: transformou-se no vilão perfeito, enquanto Marçal colhia os frutos do espetáculo com uma enxurrada de seguidores e curtidas. Mas, no fim, quem realmente sai perdendo?
A resposta é óbvia: todos. Marçal, apesar da fama de “mito vítima”, não oferece propostas concretas. Datena, com sua explosão de violência, destruiu o pouco que restava de sua credibilidade. E o maior derrotado de todos é o eleitor, que vê o processo democrático se desintegrar a cada golpe — desta vez, literalmente, de cadeira.
O que deveria ser um confronto de ideias virou palco para uma estratégia de marketing vergonhosa, que gerou mais de 12 milhões de acessos às redes sociais de Marçal ainda durante o debate. O espetáculo venceu o conteúdo. E no meio dessa bagunça, surge o público: queria um show de horrores? Ou estamos apenas testemunhando o reflexo de uma política que virou piada?