A campanha eleitoral em Pernambuco, especialmente nas cidades da Região Metropolitana do Recife, tem revelado uma estratégia comum entre alguns candidatos: esconder seus vices ou ajustar suas posições ideológicas para agradar o eleitorado conservador. Na noite de ontem, o candidato à prefeitura de Olinda, Vinícius Castello (PT), foi surpreendido com a condenação da Justiça Eleitoral por omitir seu vice, Celso Muniz Filho (PCdoB), em materiais de campanha. De acordo com a decisão, todo o material de campanha que não apresenta Celso Muniz Filho deve ser recolhido das ruas e retirado das redes sociais no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de mil reais.
A decisão judicial foi baseada no entendimento de que a omissão do vice infringe a legislação eleitoral, que exige transparência e a totalidade das informações ao eleitor. A escolha de um vice bolsonarista, com ideologia distinta, reflete as tentativas de Vinícius ampliar sua base eleitoral, o que acabou gerando críticas tanto de opositores quanto de parte de seus próprios apoiadores. A chapa é um sinal claro de que o candidato teme a repercussão negativa dessa aliança heterogênea.
A estratégia de omitir os vices não é exclusiva de Olinda. Em Jaboatão dos Guararapes, o atual prefeito e candidato à reeleição, Mano Medeiros (PL), também foi autuado recentemente por propaganda irregular ao tentar minimizar a presença de sua vice, Irmã Babate (PL), em materiais de campanha. Mano Medeiros, que compõe uma chapa exclusivamente evangélica, tem sido alvo de críticas por tentar disfarçar essa aliança. O candidato, no entanto, continua defendendo que sua chapa reflete os valores da maioria de seus eleitores e que a escolha de Irmã Babate foi baseada em uma afinidade de princípios.
No Recife, as mudanças de discurso também são evidentes. O prefeito João Campos (PSB), candidato à reeleição, vem enfrentando críticas de opositores após afirmar em debates recentes que se considera um político de centro, apesar de sua trajetória ser marcada por posições de esquerda. A declaração de Campos é vista como uma tentativa de suavizar sua imagem diante do eleitorado mais conservador, em um movimento estratégico para garantir maior adesão na disputa.