O uso de identidade religiosa nas campanhas eleitorais no Brasil tem se intensificado significativamente ao longo das últimas duas décadas, com um crescimento expressivo no número de candidatos que adotam elementos religiosos em seus nomes de urna. Em Pernambuco, um dos estados analisados na pesquisa, há uma grande tendência de candidaturas com esse viés.
Em Recife, embora a Câmara Municipal tenha perdido uma vereadora evangélica que não se reelegeu, Irmã, Aimeé, e dois vereadores evangélicos com reduções expressivas nas votações, Michele Collins e Fred Ferreira, o número de eleitos foi expressivo e suficiente para formar uma bancada de evangélicos e católicos com onze vereadores na Casa. Este ano, a tendência é de crescimento não apenas na capital, mas nas câmaras municipais de todo o estado.
De acordo com o levantamento inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), da FSB Holding, o número de candidaturas religiosas aumentou 225% nos últimos 24 anos, um ritmo 16 vezes maior que o crescimento total das candidaturas municipais no mesmo período. Esse estudo, que abrange dados das últimas sete eleições municipais, entre 2000 e 2024, foi divulgado pela Agência Brasil.
Em termos absolutos, o número de candidaturas com identidade religiosa passou de 2.215 em 2000 para 7.206 em 2024. Enquanto isso, o total de candidaturas no país aumentou de 399.330 para 454.689, um crescimento de apenas 14%. Isso significa que, se em 2000 as candidaturas com identidade religiosa representavam 0,55% do total, neste ano elas representam 1,6%.
O estudo destaca que o recorde foi alcançado em 2020, com 9.196 candidatos, num cenário de 557.678 candidaturas gerais, o que reflete as mudanças no sistema eleitoral brasileiro, como o fim das coligações proporcionais. Também revela que a grande maioria das candidaturas com identidade religiosa está associada a denominações evangélicas. Em 2024, os termos mais comuns entre essas candidaturas foram “pastor”, “irmão”, “pastora” e “irmã”, que juntos somam 6.557 candidaturas, ou 91% do total com viés religioso.