No primeiro grande ato de campanha do prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos (PSB), a ausência de líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) chamou a atenção e evidenciou fissuras na aliança que deveria fortalecer sua candidatura. Enquanto Campos inaugurava seu comitê sem a presença de importantes aliados, outras lideranças da esquerda estavam presentes em eventos de candidaturas concorrentes, como no caso de Dani Portela (Psol).
Dani Portela, em um evento do Projeto Vida Verde no bairro da Caxangá, contou com o apoio de Karina Santos, candidata a vereadora no Recife pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV). A presença de Karina no palanque de Portela sublinhou a falta de apoio petista a Campos e destacou o complexo xadrez político destas eleições.
“Política não é um ato de arrogância, mas sim solidário, e o PSB não entendeu isso”, declarou o deputado João Paulo Silva ao blog do Magno Martins. João Paulo é um dos apoiadores da candidata a vereadora Karina Santos, o que levanta suspeita de que tenha orientado sua aliada a estar em palanque adversário ao da federação em que o PT faz parte.
A ausência de petistas no palanque de Campos na largada eleitoral contrasta com a força demonstrada durante o anúncio de seu vice, Victor Marques. No primeiro caso, até a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se fez presente, neste outro, desculpas pelas ausências. Humberto Costa, por exemplo, alegou estar em viagem institucional, enquanto a senadora Teresa Leitão estava em repouso devido à licença médica.
Essas justificativas, no entanto, não surpreenderam João Paulo, que tem expressado seu desconforto com o PSB, especialmente após o partido não ter incluído um integrante do PT na chapa majoritária, relegando os petistas a uma posição muito desconfortável. Além de Humberto e Teresa, outras figuras importantes como Doriel Barros, Rosa Amorim e Carlos Veras também não marcaram presença no evento de Campos. Essas ausências reiteraram a tensão dentro da coalizão e apontaram para o desafio que João Campos terá que enfrentar: remediar as fissuras internas e garantir a coesão dos aliados em torno de sua candidatura.