A recente integração do Partido Verde (PV) à gestão da governadora Raquel Lyra gerou insatisfação entre os comunistas pernambucanos. Marcelino Granja, dirigente do PCdoB em Pernambuco, não escondeu seu descontentamento, clamando por lealdade entre os aliados. No entanto, esse apelo suscita um questionamento pertinente: que lealdade é essa que só funciona externamente, mas é negligenciada de forma interna?
Quando a oportunidade se apresentou, o PCdoB não hesitou em conspirar contra o PT para assegurar a vice-prefeitura na chapa de João Campos. Agora, diante da aliança entre o PV e o governo estadual, os comunistas clamam por fidelidade, esquecendo-se de suas próprias manobras traiçoeiras.
Historicamente, a aliança entre petistas e comunistas em Pernambuco sempre foi sólida, com os comunistas frequentemente sendo privilegiados em cargos importantes. A indicação de Victor Marques como pré-candidato à vice-prefeitura do Recife, sem a devida consulta ao PT e ao PV, revela uma faceta de oportunismo político que contradiz o discurso de lealdade pregado pelo PCdoB.
Isso sim foi feito à revelia dos aliados e expôs a fragilidade da Federação Brasil da Esperança. Foi um movimento estratégico, que visava fortalecer apenas a presença comunista na capital pernambucana, e acabou por revelar as fissuras na relação entre os partidos de esquerda. A busca por poder a qualquer custo mostrou que, para o PCdoB, a lealdade é uma via de mão única, aplicável apenas quando conveniente.
Agora, diante da aproximação do PV com o governo de Raquel, se vê em uma posição desconfortável? Sem moral para contestações. O PCdoB, que outrora possuía uma “certa visibilidade e influência”, está cada vez mais decadente na cena política. A falta de lideranças expressivas e o isolamento político são reflexos de uma estratégia de alianças baseada em conveniências momentâneas, sem uma visão de longo prazo. Ao trair seus aliados e não conseguir sustentar suas próprias alianças, arrisca-se a um encolhimento irreversível, tornando-se irrelevante.