Virar celebridade nacional é um desejo cultivado por muitos, seja no entretenimento, nos esportes ou na política. Na esfera política, esse anseio é frequentemente trabalhado com esmero pelo marketing. O prefeito do Recife, João Campos, exemplifica essa dinâmica. Durante o Carnaval, ele soube aproveitar a visibilidade proporcionada pela festa, ganhando notoriedade com o famoso “nevou”. Contudo, a mesma fama que proporciona benefícios pode também trazer à tona desafios e críticas intensas.
A ascensão de João Campos ao cenário nacional não se deu apenas pela habilidade em utilizar as ferramentas de marketing. Sua trajetória política, marcada pelo legado de seu pai, Eduardo Campos, e pelo carisma que demonstra em público, tem sido um ponto de atração. Porém, essa visibilidade também expõe aspectos da vida pública e privada que, sem o manto da fama, talvez passassem despercebidos. Um exemplo notório é o impressionante crescimento de seu patrimônio, que aumentou 11 vezes em apenas quatro anos.
O assunto rapidamente ganhou destaque nos veículos de comunicação em todo o país. Em Brasília, o caso foi amplamente discutido, revelando o lado negativo da fama: a exposição e julgamentos públicos. A justificativa apresentada pelo prefeito de que o aumento patrimonial se deve à indenização do seguro pela morte de seu pai, vítima de um acidente aéreo em 2014, não apaziguou as críticas. O site Metrópoles, Poder 360, Fala Sério DF e até a deputada federal e conservadora Carla Zambelli expuseram a notícia. A deputada usou suas redes sociais para comentar, publicando até mesmo link de uma das matérias que abordam o acontecimento.
A fama na política, portanto, é uma faca de dois gumes. Enquanto pode ser um trampolim para a ascensão e manutenção do poder, também pode ser um catalisador para crises e desconfianças. O caso de João Campos ilustra bem essa dualidade. Por um lado, ele conseguiu utilizar o Carnaval para ganhar popularidade e simpatia. Por outro, viu seu patrimônio virar pauta nacional, abrindo espaço para questionamentos sobre a transparência e a moralidade na gestão pública.
No contexto político atual, onde a internet e as redes sociais potencializam a disseminação de informações (e desinformações) com uma velocidade sem precedentes, a gestão da imagem pública se torna essencial. Um deslize, um crescimento patrimonial não bem explicado, ou qualquer outra controvérsia, pode rapidamente ganhar proporções gigantescas.
A sociedade, empoderada pela internet, exige respostas rápidas e convincentes. O desafio é enorme, mas necessário para aqueles que desejam não apenas ganhar notoriedade, mas também manter uma carreira política longeva e respeitável. A lição que fica é clara: a fama, na política, deve ser acompanhada de uma responsabilidade proporcional à visibilidade que ela traz.