Quem não gosta de política?

Em tempos atuais, muitos cidadãos limitam a atuação democrática ao deslocamento à cessão eleitoral, entendendo estar exercendo cidadania - Reprodução
Em tempos atuais, muitos cidadãos limitam a atuação democrática ao deslocamento à cessão eleitoral, entendendo estar exercendo cidadania - Reprodução

É praticamente impossível quando se pensa em política a partir de uma perspectiva partidária, não se reportar aos primórdios da democracia ateniense. No mundo grego clássico, era chamado de idiotés quem não participava dos assuntos da esfera pública, mas priorizava os interesses privados. Péricles não via com bons olhos os moradores de Atenas que não nutria preocupação com questões inerentes a todos.

Diante do quadro nefasto em que vive o mundo, não é espanto encontramos pessoas que possuem ojeriza à política. Entretanto, se esquivando de participar ativamente dos desafios sociais, em nenhum momento contribuirá para resolver as celeumas construídas sobre o manto dos embates políticos. Ao se recusar da participação é o mesmo que assinar uma procuração concedendo plenos poderes para que alguém lhe represente.

Muitos limitam sua atuação exclusivamente ao deslocamento até a cessão eleitoral, entendendo que agindo assim, estará plenamente exercendo sua cidadania. O exercício da mesma é amplo e não se encerra no dia da eleição. Na verdade, o compromisso do cidadão é algo constante. Por exemplo, exercer vigilância na conduta daqueles em que foi depositada a confiança pelo exercício do sufrágio.

Infelizmente, existe uma orquestração visando desqualificar a política, virando até modismo e não sendo poucos os adeptos. Ao prevalecer tal postura, certamente, promoverá ainda mais a desqualificação dos representantes.

Hely Ferreira é cientista político.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *