Bolsonaro em PE: teste de respeito ao Nordeste

Ex-presidente chega em meio a expetativas. Será que mudará o tom após histórico de declarações controversas na região? Reprodução/Tatiana Fortes
Ex-presidente chega em meio a expetativas. Será que mudará o tom após histórico de declarações controversas na região? Reprodução/Tatiana Fortes

A chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro a Pernambuco nesta manhã gerou grande expectativa, especialmente em um estado que historicamente vota massivamente em seu adversário político, o ex-presidente Lula. O cronograma da visita inclui um ato de rua na Pracinha do Diário de Pernambuco, local tradicionalmente associado a movimentos de esquerda. A visita de Bolsonaro ao Nordeste é marcada por um histórico de declarações polêmicas e xenofóbicas, que têm gerado controvérsias e indignação entre os nordestinos.

Em julho deste ano, Bolsonaro fez uma declaração incendiária: “O Nordeste, que tinha que ser a melhor região do Brasil, porque o PT domina há 20 anos, é a pior região [do Brasil] em todos os aspectos que se possa imaginar”. Ele ainda comparou a região aos Estados Unidos, afirmando que empresários estão mudando dos estados democratas para os republicanos em busca de melhores condições.

Para quem não lembra, Bolsonaro já chegou a associar o analfabetismo da população dos nove estados nordestinos à votação expressiva que Lula obteve na região. “Lula venceu em nove dos dez estados com maior taxa de analfabetismo. No nosso Nordeste, não é só a taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores nas regiões, porque esses estados no Nordeste estão há 20 anos sendo administrados pelo PT.” Essa fala desencadeou uma série de ataques xenofóbicos a nordestinos promovidos por bolsonaristas de outras partes do país.

Durante uma live, em 2022, Bolsonaro novamente se referiu ao Nordeste de forma pejorativa: “Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero, pô? Juazeiro do Norte, parabéns aí. Ceará, desculpa aí.” Em outra ocasião, ele tentou justificar seu uso do termo “pau de arara”: “Eu sempre me referi com os amigos, né, cabra da peste, pau de arara. Eu me chamo de alemão também, sem problema nenhum. Arataca, cabeçudo, pô, é isso aí, valeu.”

Um ano antes, Bolsonaro havia comentado sobre os governadores do Nordeste: “Dentre os governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara.” Ele também ironizou a aparência dos nordestinos ao dizer: “Só tá faltando crescer um pouquinho a cabeça”, referindo-se ao deputado Cláudio Cajado (BA).

Durante suas lives, Bolsonaro frequentemente usava termos pejorativos para se referir aos nordestinos, chamando-os de “cabeçudos” e fazendo piadas sobre sua aparência. Numa delas, ele disse: “Acho que foi primeiro estado que tivemos grande recepção em aeroporto. Tudo começou por aí, se não me engano, um dos grandes articuladores disso acho que foi Alex Ceará, um cara cabeçudo. Se bem que chamar cearense de cabeçudo você não consegue identificar ninguém, lá todo mundo é cabeçudo.”

A visita de Bolsonaro a Pernambuco será um teste para ver se ele conseguirá evitar mais declarações polêmicas e se esforçará para conquistar votos em uma região que sempre foi um bastião petista. Sua passagem pelo estado será observada de perto, especialmente considerando seu histórico de comentários ofensivos. Resta saber se o ex-presidente aprenderá com o passado e respeitará a dignidade dos nordestinos, ou se cometerá novos deslizes que só reforçarão sua imagem controversa na região.

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