Crianças com microcefalia e que precisam fazer a cirurgia de quadril continuam à espera de um procedimento, apesar das promessas da governadora Raquel Lyra. Mais de 130 meninas e meninos estão na fila para a intervenção cirúrgica essencial para aliviar dores intermináveis causadas pelo desgaste do quadril e da coluna, que apresentam má formação. A falta de material e instrumentos operatórios impede a realização das cirurgias, deixando as crianças em sofrimento constante. O silêncio do governo sobre o assunto é ensurdecedor. A governadora Raquel Lyra permanece inerte, sem prestar esclarecimentos ou apresentar soluções.
No final de abril, familiares e entidades ligadas à causa participaram de uma audiência na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O encontro destacou a urgência de procedimentos ortopédicos para esses pacientes que sofrem com dores agudas, devido à falta de assistência do estado. Após a audiência pública, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) anunciou um cronograma para atender a demanda dessas cirurgias. Segundo o plano, o Hospital Otávio de Freitas (HOF), no Recife, referência em traumato-ortopedia, realizaria duas cirurgias por mês até agosto.
Para quem não lembra, o surto do vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, aconteceu entre 2015 e 2017, e levou Pernambuco a decretar estado de emergência devido ao aumento dos casos de microcefalia congênita. Até hoje, foram confirmados 473 casos de Síndrome Congênita do Zika no estado, com 276 óbitos suspeitos e 39 confirmados.
Em Pernambuco, mais de 400 famílias lutam diariamente para aliviar o sofrimento de seus filhos. A qualidade de vida dessas crianças é severamente comprometida. A má formação do quadril causa desgaste da cabeça do fêmur, tornando a dor um gatilho para convulsões e impossibilitando-as de sentar. Além disso, a condição pode levar a outras comorbidades, como broncoaspiração, e até mesmo à morte. A inação do governo estadual diante dessa crise de saúde pública é inaceitável. As famílias clamam por um olhar mais atento e humano para resolver a falta de assistência médica, que continua a condenar essas crianças a uma vida de sofrimento.