A governadora Raquel Lyra anunciou com entusiasmo a entrega da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional Ruy de Barros Correia (HRRBC), em Arcoverde. A nova ala passa a contar com dez leitos de atendimento geral adulto, incluindo suporte nefrológico, e custou R$ 316 mil em reformas e ampliações. Segundo o governo, a unidade beneficiará cerca de 400 mil moradores da região.
Entretanto, enquanto a inauguração da UTI é um passo positivo, ela destaca um problema muito maior: a insuficiência crônica no sistema de saúde pública de Pernambuco. Em um estado onde a demanda por serviços de saúde é imensa, uma ação isolada como esta parece mais um “pingo no oceano” diante da vasta lista de necessidades não atendidas.
Em contraste com as festividades da inauguração em Arcoverde, cenas desoladoras vêm à tona de outras partes do estado. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra pacientes no Hospital Barão de Lucena, na capital do estado, reclamando da falta de materiais essenciais para tratamento, como bolsas para colostomia. Pacientes aguardam há mais de três meses por esse suprimento vital, sem previsão de chegada.
Esses relatos são apenas a ponta do iceberg de uma crise que afeta toda a rede pública de saúde pernambucana. A falta de insumos básicos e o subfinanciamento dos serviços de saúde são problemas recorrentes que impactam diretamente a vida de milhares de pessoas. A ampliação da UTI em Arcoverde, embora importante, não cobre a enorme lacuna existente.
Para os que enfrentam a realidade da saúde pública diariamente, é difícil ver isso como uma solução definitiva. “Muita conversa, pouca ação” é como muitos descrevem a situação atual, onde a narrativa política muitas vezes supera a implementação de mudanças reais e eficazes.