Os delegados de Polícia de Pernambuco, representados pela Associação dos Delegados do Estado de Pernambuco (Adeppe), rejeitaram novamente a proposta apresentada pela gestão de Raquel Lyra em uma assembleia realizada na última quinta-feira (18). A categoria considerou a proposta tecnicamente falha e insuficiente para atender às suas demandas. Em resposta, decidiram adotar uma série de medidas, incluindo a representação junto ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) por irregularidades detectadas na Operação Pernambuco Seguro.
O presidente da Adeppe, delegado Diogo Melo Victor, destacou que a proposta do governo apresenta erros técnicos significativos. “Somos 858 delegados, e não 871, como foi apresentado na proposta. Há também um tratamento diferenciado dado à Polícia Militar, quando há extinção das faixas salariais, beneficiando mais de 1 mil oficiais, enquanto aqui não pudemos ter a progressão dos delegados substitutos. Lá também houve diminuição do tempo de promoção, mas aqui não foi equiparada a situação”, explicou Victor.
A categoria alega que o pagamento de diárias para a Operação Pernambuco Seguro configura uma irregularidade, já que transformou uma campanha de ordem pública extraordinária em algo rotineiro. “O pagamento não deve ser em diária, como está sendo feito. Queremos que seja de maneira correta, para que os delegados ganhem esse direito”, afirmou Diogo Melo Victor. Além disso, a Adeppe planeja iniciar uma campanha publicitária. Outras mobilizações, como a convocação para operações formalizadas por Comunicações Internas (CI), também serão adotadas como forma de pressionar o governo.
Em mesas de negociação anteriores, os delegados já haviam rejeitado a proposta do executivo estadual, que apenas cobria a variação inflacionária prevista para o período. Diante do impasse, a categoria tem trabalhado com uma redução de 50% das metas e não aderindo às prioridades do programa Juntos Pela Segurança, impactando diretamente as operações policiais no estado.
A rejeição da proposta pela segunda vez e a decisão de recorrer ao TCE-PE indicam uma escalada no confronto entre os delegados e a gestão Raquel Lyra. A insatisfação da categoria com as condições apresentadas pelo governo, associada à adoção de medidas de pressão, evidencia a complexidade e a gravidade do impasse.