Antes que o centro do Recife acabe

Caminhar pelo centro da capital pernambucana revela uma cidade de muitas belezas, mas cheia de problemas - Getty Images
Caminhar pelo centro da capital pernambucana revela uma cidade de muitas belezas, também descuidada e cheia de problemas - Reprodução

Na década de 70, do século passado, o cantor e compositor baiano Cyro Aguiar fez muito sucesso. Entre suas canções havia uma intitulada: Antes Que a Tristeza Venha. No refrão, dizia o seguinte: “Antes que a morte chegue, antes que o sorriso acabe, antes que a tristeza venha, antes que o amor acabe”. Caminhando pelo centro do Recife é possível observar, em alguns pontos da cidade, uma propaganda que diz o seguinte: “Vem Que o Centro Tem”.

Depois de se fazer a leitura, naturalmente surgirá o seguinte questionamento: o que tem no centro? Facilmente quem caminha pelas ruas não terá dificuldade em encontrar pessoas desabrigadas, jogadas ao relento e na esperança que alguém se sinta comovida em querer ajudar pelo menos de maneira paliativa. Também encontrará falta de segurança nas ruas, escuridão e muita sujeira acompanhada de um aroma nada agradável, além de um trânsito caótico. Portanto, o convite feito para as pessoas visitarem o centro, deve ter uma alguma mensagem subliminar em que, talvez, seja necessário fazer uma visitação ao local antes que se acabe.

Se o centro da cidade do Recife já não estava indo bem, bastou à chegada da pandemia para sacramentar o seu abandono.

Hely Ferreira é cientista político

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