Em meio a uma crescente onda de desconfiança e repulsa em relação ao comportamento de alguns grupos evangélicos no Brasil, surge na capital sul-mato-grossense um movimento que busca resgatar os valores originais da fé cristã e combater o uso da religião para fins políticos e de disseminação de ódio. O movimento “Evangélicos pelo Estado de Direito” foi lançado recentemente e já se articula com a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, estabelecida em 2016 para se opor ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e defender a democracia.
Com o objetivo de se afastar do estigma criado por radicais que utilizam a fé para promoção pessoal e enriquecimento ilícito, este grupo de evangélicos de Campo Grande busca se aliar a outras lideranças religiosas e movimentos sociais que lutam contra o racismo, a homofobia e a violência contra povos indígenas, por exemplo. A intenção é clara: denunciar o abuso religioso e a apropriação indevida dos espaços de fé para propagação de ideologias discriminatórias.
Uma matéria recente da revista Fórum ilustra a situação ao relatar depoimentos de pessoas que se afastaram do evangelho devido ao uso inadequado do púlpito para promover discriminação racial, social e de gênero. Esse afastamento reflete um sentimento crescente entre muitos fiéis que não se identificam com as práticas de intolerância e ódio que têm sido associadas a determinados grupos evangélicos.
O novo movimento em Campo Grande surge, portanto, como uma resposta a esses desvios, propondo uma reflexão profunda sobre o verdadeiro papel da fé na sociedade. Um dos principais pontos de preocupação levantados pelo grupo é a proliferação de notícias falsas, que, segundo a Frente, servem para cegar a população e fomentar ainda mais a intolerância, o sexismo e a violência.
Com o apoio de várias lideranças religiosas e movimentos sociais, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito planeja um grande evento com a participação de figuras nacionais proeminentes. O intuito é criar um espaço de diálogo e resistência contra o avanço de forças extremistas, promovendo, assim, uma mudança na forma como a fé cristã é percebida e praticada no Brasil.