Estamos prestes a vivenciar mais uma rodada de promessas municipais. A cada quatro anos, os cidadãos assistem a um espetáculo onde são apresentadas propostas de uma cidade ideal. Planos ambiciosos são mostrados, e o público espera ansiosamente por sua realização. Questões sensíveis à cidade são discutidas com soluções aparentemente milagrosas, enquanto outras são descartadas como inviáveis.
Um tema que promete dominar o debate eleitoral deste ano é a segurança pública. Tradicionalmente, este é um assunto espinhoso que muitos candidatos preferem delegar aos governadores e ao presidente da República. No entanto, as cidades devem assumir essa responsabilidade e se comprometer com o combate à violência.
A segurança pública já esteve em destaque nos debates eleitorais de 2000, quando a questão do armamento da guarda municipal foi intensamente discutida. Naquela época, a direita defendia a medida como uma forma de melhorar a segurança dos cidadãos. O então deputado e candidato João Campos (PSB) se posicionou contra, argumentando que o “discurso fácil não resolveria o problema” e que não havia pesquisas que comprovassem a eficácia do armamento da guarda. Para Campos, o tema servia apenas para “gerar likes nas redes sociais”.
Passados esses anos, estamos novamente diante do mesmo dilema. A questão voltou à pauta, exigindo novos posicionamentos. Curiosamente, as posições parecem ter mudado. O prefeito João Campos, que foi o único gestor de capital nordestina a não armar sua guarda municipal, agora sugere uma mudança de abordagem.
Campos percebeu que precisa ser mais conservador neste aspecto e se comprometer com uma pauta que atenda a um grupo social mais amplo. Ele reconhece que não pode contar apenas com os votos da esquerda e, portanto, precisa ampliar seus horizontes, abandonando o antigo discurso tradicional de esquerda.
Em suas recentes declarações, Campos já sinalizou que pretende aproveitar os próximos quatro anos para estudar a experiência do armamento da guarda municipal e, possivelmente, implementar essa medida, caso seja reeleito. Essa guinada à direita representa uma tentativa de se alinhar com as demandas mais gritantes da população que não podem mais ficar em segundo plano ou banidas do município. A questão da segurança pública também é um problema municipal.