Gilson Machado Neto, pré-candidato do PL à Prefeitura de Recife, participou de uma sabatina promovida pelo UOL e pelo Jornal Folha de S.Paulo, onde reafirmou sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro e se autodenominou o “Bolsonaro do Nordeste”. Em uma série de declarações controversas, Machado Neto prometeu cortes no financiamento do Carnaval e deu prioridade aos artistas locais, além de destacar sua fidelidade política a Bolsonaro e Michelle Bolsonaro.
Durante a sabatina, Gilson Machado enfatizou que, se eleito, reduzirá a verba destinada ao Carnaval, uma decisão que certamente encontrará resistência em uma cidade cuja identidade cultural está fortemente ligada a essa celebração. No entanto, ele também garantiu que mais da metade dos artistas contratados para eventos como o Carnaval e o São João serão locais, buscando assim um equilíbrio entre contenção de gastos e valorização da cultura pernambucana. Afirmando que não usará o Carnaval para autopromoção nas redes sociais – numa crítica velada ao prefeito João Campos, ele destacou sua experiência no setor de eventos como garantia de uma gestão eficiente dos recursos públicos. “Eu vivo disso e sei como gastar o dinheiro público com eficiência”, declarou.
Machado Neto, que ocupou o cargo de ministro do Turismo durante o governo Bolsonaro, não esconde sua proximidade com o ex-presidente, a quem consulta para todas as decisões políticas importantes. Apesar de reconhecer Bolsonaro como seu mentor, ele afirmou que, administrativamente, agirá de forma independente. “Eu nunca precisei consultar o presidente no Ministério do Turismo. Administrativamente, não tem nada a ver, mas politicamente, eu sou fiel a ele”, disse. Em uma tentativa de se distanciar do estigma de ser apenas um seguidor, Machado Neto afirmou que será ele, e não Bolsonaro, quem governará Recife. Contudo, suas declarações evidenciam uma dependência política e uma falta de originalidade nas propostas apresentadas.
O pré-candidato criticou fortemente o trânsito caótico de Recife e prometeu melhorias no transporte público, incluindo o estudo de mudanças nos horários escolares e empresariais e a implementação de um sistema de transporte fluvial no rio Capibaribe. No campo da educação, defendeu a adoção de escolas cívico-militares, uma medida que já foi alvo de debates acalorados em outras partes do Brasil. Em relação à segurança, se mostrou a favor do uso de câmeras nos uniformes policiais e da guarda civil armada, além de se posicionar contra a restrição do porte de armas para civis. “A cidade mais segura do Brasil é Florianópolis, Balneário Camboriú, porque o cidadão lá está armado”.
Apesar das promessas e da retórica alinhada com o bolsonarismo, a sabatina expôs o despreparo de Gilson Machado, que em vários momentos precisou recorrer a um assessor para responder a perguntas. Sua performance evidenciou uma falta de preparo e clareza em suas propostas, levantando dúvidas sobre sua capacidade de liderar uma cidade complexa como Recife. Com uma campanha marcada por promessas polêmicas e uma dependência declarada de Bolsonaro, resta saber se os eleitores recifenses irão comprar a ideia de ter um “Bolsonaro do Nordeste” à frente de sua prefeitura.