Mulheres fortalecem oposição a “PL do Aborto”

Caso de Aborto Legal no CISAM reflete a realidade diária do país, onde 61% dos estupros são de crianças de até 13 anos – Reprodução / Jonatas Campos
Caso de Aborto Legal no CISAM reflete a realidade diária do país, onde 61% dos estupros são de crianças de até 13 anos – Reprodução / Jonatas Campos

Um amigo jornalista postou em suas redes sociais, ontem, um registro que fez em 17 de agosto de 2020. A história, relevante e impactante para o momento atual, foi narrada por Jonatas Campos e relata uma manifestação que acontecia naquela noite em frente ao hospital do CISAM (Centro de Saúde Amaury de Medeiros). As cenas capturadas estão no documentário “Incompatível com a Vida”, de Elisa Capai.

Trata-se da história de uma menina de dez anos que foi estuprada pelo tio, desde os seis anos de idade. A menina teve o direito de realizar o aborto legal e foi acolhida por Pernambuco para fazer o procedimento. Naquela noite, manifestantes conduzidos por deputados da extrema-direita e evangélicos se aglomeraram em frente a unidade de saúde, na tentativa de impedir a interrupção de sua gestação. O seu nome foi exposto covardemente nas redes sociais.

A menina pobre, sem pai e sem mãe, conseguiu fazer o procedimento. Essa semana, o PL 1904/2024 traz à tona esse debate que tem sacudido o país. A matéria foi aprovada em regime de urgência na Câmara Federal e corre o risco de ir a qualquer momento ao plenário para votação. Se aprovado, afetará principalmente as crianças que são vítimas de estupros. No país, 61% dos casos de estupros envolvem crianças de até 13 anos.

É sobre essa menina de dez anos e tantas outras que são violentadas todos os dias que mulheres tomaram as ruas. Ontem, em Recife, a área central da cidade foi ocupada num ato público “Criança não é Mãe” para defender direitos existentes na Constituição Brasileira e tentar sensibilizar os deputados federais a não seguirem com o PL do Aborto, considerado cruel, grosseiro e inconstitucional.

A repercussão tem sido tão negativa para a bancada evangélica que parlamentares já admitem adiar a votação do texto que equipara a interrupção da gravidez após a 22ª semana ao crime de homicídio. Já se fala, inclusive numa onda de movimento feminino semelhante ao eu aconteceu com o “Ele não”. Não custa lembrar que as mulheres representam mais da metade da população brasileira e dos votos; e este temos eleições municiais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *