A recente escalada da criminalidade no Nordeste brasileiro tem causado grande preocupação entre a população e as autoridades. Dados consolidados pelo Ministério da Justiça referentes ao período de janeiro a abril deste ano revelam um aumento alarmante nos homicídios, colocando os estados da Bahia, Pernambuco e Ceará no topo do ranking nacional. Estes estados, tradicionalmente menos populosos que São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, agora registram índices de violência superiores, alterando a geopolítica do crime no país.
O levantamento mostra que o Nordeste concentrou 5.579 homicídios nos primeiros quatro meses de 2024. Pernambuco, um dos estados mais afetados, contabilizou 1.610 mortes violentas nos últimos quatro meses, um aumento significativo em relação aos 1.468 homicídios registrados no mesmo período do ano anterior, segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-PE).
Essa piora nos indicadores de segurança pública tem gerado forte impacto político. Pesquisa da AtlasIntel, realizada em maio, aponta que 60% dos entrevistados consideram a criminalidade e o tráfico de drogas como os principais problemas do país, superando preocupações com saúde, educação e inflação. Esse cenário crítico reflete diretamente na popularidade dos governadores, que enfrentam dificuldades em controlar a violência e garantir a segurança da população.
Em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra tem enfrentado severas críticas e queda de popularidade. A insatisfação é palpável entre os policiais civis, que reivindicam reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A falta de investimentos e o diálogo ineficaz com a categoria culminaram em uma paralisação de 24 horas nesta quarta-feira. Os policiais prometem intensificar as ações a partir da próxima semana, com ações previstas para Recife e Caruaru.
MUDANÇAS – Diante da crise, a governadora Raquel Lyra implementou mudanças no comando das polícias Civil e Militar em janeiro e lançou o programa “Juntos Pela Segurança”, com a meta de reduzir em 30% os índices de criminalidade. Contudo, até o momento, não houve melhorias significativas, e a sensação de insegurança permanece dominante entre os pernambucanos.
A realidade das ruas, marcada pelo medo e pela violência, contrasta com os esforços governamentais. O aumento dos homicídios no Nordeste não apenas altera o cenário nacional de segurança pública, mas também coloca em xeque a capacidade dos governadores de conter a criminalidade e proteger seus cidadãos.