Isabela de Roldão comemorou a vitória da primeira mulher eleita presidenta do México, em 200 anos. “Sim, Claudia Sheinbaum vai comandar o país. Embora estejamos distantes 7.633 quilômetros, a vitória é, sem duvida, um marco para a participação feminina em espaços de poder”, celebrou, ressaltando a importância da paridade em cargos eleitorais. Apesar de alguns avanços no Brasil, as mulheres ainda enfrentam grandes desafios para ocupar posições de destaque. Um exemplo claro disso é a própria Isabela, que tem sido uma figura secundária na gestão em que foi eleita vice-prefeita.
Isabela raramente é vista ao lado do prefeito João Campos, que nunca a considerou para as eleições municipais deste ano. Ele vem procurando outro nome para reforçar sua chapa à reeleição. Durante a gestão atual, Isabela tem pouca influência e não participa frequentemente de inaugurações de obras ou solenidades importantes, sendo mais presente em eventos relacionados a mulheres, educação, cultura e esportes. Nas redes sociais da vice-prefeita, quase não há registros ao lado do prefeito, com apenas algumas fotos aleatórias. Esse distanciamento é incompreensível para alguém que ocupa um cargo que deveria ser relevante.
O cientista político e professor Hely Ferreira relembra que, no início da democracia na cidade de Atenas, era impossível para as mulheres participarem das decisões da cidade. “Entretanto, ao longo dos séculos e com muita luta, as mulheres foram ocupando seus espaços, diga-se de passagem, com muita competência”, destaca. Ferreira lamenta que, embora hoje as mulheres tenham conquistado mais espaço, ainda persiste uma visão preconceituosa sobre sua participação política. “Muitas vezes, as mulheres são colocadas apenas como figuras decorativas na história política nacional, o que é lamentável”, comenta.
Ele afirma que, infelizmente, esse cenário ainda é muito presente na política brasileira. “Esperamos que isso diminua cada vez mais e, quem sabe, a curto prazo, chegue ao fim. Precisamos de mais mulheres na política, porque todos são iguais perante a lei”, argumenta. No contexto específico de Recife, Ferreira observa que “a atual vice-prefeita foi colocada na chapa apenas por uma composição, mas o espaço lhe foi tolhido, a oportunidade lhe foi retirada. Sequer as pessoas lembram quem é a vice-prefeita da cidade do Recife. Isso é lamentável”.
A falta de reconhecimento e de oportunidades para a vice-prefeita reflete um problema maior de representatividade e inclusão das mulheres na política brasileira. Para mudar esse cenário, é importante que as mulheres tenham voz ativa e sejam valorizadas em suas funções, não apenas como peças decorativas, mas como líderes capazes de promover mudanças na sociedade.