Raquel Lyra não cansa de dar bolas fora

Circuito Literário recebe críticas e contrasta com a propaganda da governadora que garante ser uma grande oportunidade aos professores
Circuito Literário recebe críticas e contrasta com a propaganda da governadora que garante ser uma grande oportunidade aos professores

Desta vez o assunto não é crise na saúde e nem segurança pública. O descontentamento vem do campo da Cultura, com o tumultuado Circuito Literário de Pernambuco. A enxurrada de críticas nas redes sociais revela a maneira descuidada com que o governo estadual lida com Pernambuco. Os que se aventuraram até a feira de livros voltaram decepcionados, relatando uma experiência lastimável.

Os problemas começaram com a escolha do local: a Exposição de Animais do Cordeiro, tradicionalmente usada para mostras de bovinos, caprinos e equinos. Claramente, não é o espaço ideal para um evento literário, que demanda um mínimo de conforto. Sem ar-condicionado e com ventiladores escassos, o calor impera no recinto.

A desorganização é visível. Em pleno período chuvoso, goteiras surgem por todos os lados, obrigando expositores a cobrir seus livros com sacolas plásticas e a colocar bacias e baldes para aparar a água. Caminhar entre os estandes exige habilidades circenses, evitando poças e bacias a cada passo. O cenário parece uma feira de rua. Os visitantes que precisarem de um banheiro devem se contentar com banheiros químicos. É nesse ambiente precário que se realiza a “grande” feira que a governadora promove em sua propaganda.

“Estamos investindo muito na formação dos nossos profissionais de educação, dando-lhes a oportunidade de comprar livros e brinquedos pedagógicos”, diz a governadora. Segundo ela, o Circuito Literário de Pernambuco foi descentralizado como parte de uma série de investimentos para os professores da rede estadual, “para permitir que todos possam crescer, continuar alcançando seus sonhos e desenvolvendo melhor suas atividades”.

Se isso é considerado um avanço e uma melhoria na vida dos professores, então, coitados. Eles mereciam bem mais do que essa tentativa frustrada de valorização. A feira literária, que deveria ser um refúgio de conhecimento, cultura e lazer, transformou-se num símbolo de desleixo e falta de planejamento. É lamentável ver um evento que poderia inspirar e educar ser reduzido a um retrato da desorganização e do descaso. Talvez, da próxima vez, a governadora pense duas vezes antes de transformar um sonho literário em um pesadelo logístico. Afinal, os professores e a população de Pernambuco merecem muito mais.

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