Porto exige ação da Alepe contra crise na saúde

Álvaro Porto chamou de descaso e uma desumanidade sem tamanho o caso do bebê atingido por bala perdida neste domingo - Amaro Lima/Alepe
Álvaro Porto chamou de descaso e uma desumanidade sem tamanho o caso do bebê atingido por bala perdida neste domingo - Amaro Lima/Alepe

A crise na saúde pública de Pernambuco voltou a ser tema de intenso debate na Assembleia Legislativa do Estado (Alepe). O presidente da Casa, deputado Álvaro Porto, fez um apelo urgente por uma resposta enérgica dos parlamentares diante da “situação caótica e insustentável” enfrentada pela rede de saúde pública estadual. Porto destacou a necessidade de uma reação incisiva dos deputados frente à gestão do atual governo, que ele considera ineficaz.

“Estamos assistindo de maneira complacente uma tragédia que é reflexo da falta de planejamento e da incapacidade na gestão da saúde por parte do atual governo. Isto é uma vergonha!”, declarou Porto. Ele mencionou o caso da recém-nascida atingida de raspão na cabeça por uma bala perdida dentro do Hospital Barão de Lucena, ocorrido no último domingo (26), como um exemplo da gravidade da situação. “Isto é um descaso e uma desumanidade sem tamanho! Nem no Rio de Janeiro, que é a cidade campeã mundial de bala perdida, já se viu uma história como essa”, disse o deputado.

O deputado criticou duramente a administração estadual, mencionando a interdição do Hospital Barão de Lucena pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe) desde janeiro devido à falta crônica de insumos básicos. “Esta interdição deveria ter alertado à governadora sobre a gravidade da situação. Porém, após quase cinco meses, o governo continua falhando em oferecer soluções eficazes, causando dor e sofrimento a pacientes, familiares e profissionais de saúde”, afirmou Porto.

O presidente da Alepe destacou que a falta de respostas do governo levou o Cremepe a recorrer à Justiça para garantir medidas mínimas de funcionamento da unidade. “Esta realidade evidencia que a saúde em Pernambuco colapsou faz tempo e que está agora em fase terminal”, frisou. Também abordou a crise na pediatria, ressaltando a morte de dez crianças à espera de um leito como um indicativo do fracasso do governo em proteger os mais vulneráveis.

“A fila da Central de Regulação virou um corredor da morte. E cada vida perdida é um grito de socorro, um clamor por justiça que não podemos ignorar nesta Casa, porque, senhores, cada criança que se vai é um futuro perdido”, lamentou. Um ponto crítico levantado pelo deputado foi o corte de R$ 1,2 bilhão na saúde, promovido pela gestão estadual, que expõe a falta de compromisso com a população. “Este corte não é apenas um número seco em um balanço financeiro; é a diferença entre a vida e a morte para milhares de pernambucanos”, disse, referindo-se ao levantamento feito pela TV Globo com base no Portal da Transparência, que mostrou a redução nos investimentos de R$ 7,75 bilhões para R$ 6,54 bilhões entre 2022 e 2023.

O discurso de Álvaro Porto foi apoiado por outros deputados, que lembraram que, em outubro de 2023, o governo federal enviou R$ 287 milhões para reforçar as unidades de saúde de Pernambuco, mas o governo estadual só publicou decreto autorizando o repasse dos recursos sete meses depois.

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