A escalada da violência em Pernambuco atingiu um novo patamar de gravidade com um incidente chocante no Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste do Recife. Um recém-nascido foi atingido de raspão por uma bala perdida, pouco após vir ao mundo. O projétil, disparado fora das instalações hospitalares, atravessou uma janela e deixou sua marca no bebê, que foi prontamente atendido e, após exames, encontra-se fora de perigo. O caso escancara a insegurança crescente que assola o estado e evidencia as falhas na política de segurança pública prometida pelo governo estadual.
A violência em Pernambuco tem mostrado números alarmantes desde o início de 2024. No Grande Recife, os dados revelam uma média de um adolescente baleado a cada dois dias em abril, totalizando 15 jovens feridos por armas de fogo, dos quais dez não sobreviveram. Este número contrasta fortemente com as cinco mortes registradas no mesmo período do ano anterior, evidenciando um aumento preocupante. De janeiro a maio, 50 crianças e adolescentes, entre 11 e 13 anos, foram vítimas de balas, um reflexo direto da falta de controle sobre a criminalidade.
O cenário na capital, Recife, não é menos desolador. A Praia de Boa Viagem, um dos cartões-postais mais famosos do estado, apresenta uma quase completa ausência de policiamento ostensivo. Neste domingo, o deputado estadual Alberto Feitosa registrou um vídeo no seu Instagram, mostrando um trecho de cinco quilômetros, desde a pracinha de Boa Viagem até a praia do Pina, sem a presença de um único policial, exceto por uma dupla próxima à residência de uma autoridade política, possivelmente a governadora Raquel Lyra.
O relato do deputado não apenas destaca a falta de segurança, mas também a inação das autoridades municipais e estaduais. Segundo ele, a praia, apesar de lotada de banhistas e frequentadores, tem se tornado um território de insegurança, afastando tanto turistas quanto os próprios recifenses. A ausência de uma ação coordenada entre o governo estadual e a prefeitura de Recife, liderada por João Campos, para combater a criminalidade, o tráfico de drogas e a desordem, foi severamente criticada. A falta de resposta às demandas de segurança dos trabalhadores dos quiosques locais, que recentemente protestaram sem obter uma resposta eficaz, exemplifica a desatenção das autoridades.
Esta situação lamentável sublinha a falência do plano estadual de segurança, que prometia reduzir a violência, mas até agora tem falhado em conter a criminalidade. A população de Pernambuco, em meio ao medo e à insegurança, vê-se cada vez mais desamparada, aguardando ações concretas que tragam de volta a sensação de segurança e bem-estar à sociedade.