Pernambuco tem sido palco de uma escalada de violência que preocupa a população e expõe fragilidades na segurança pública do estado. Casos como as mais de 640 denúncias de abuso sexual contra crianças e jovens, corpo carbonizado encontrado dentro de veículo em São Lourenço da Mata e a execução no bairro de Areias, são apenas alguns exemplos dos crimes que têm ocorrido de forma alarmante.
Além disso, o aumento dos crimes contra as mulheres em várias cidades, desde o interior até a capital, e invasão a residência por homens vestidos de policiais em Boa Viagem, mostram um cenário caótico. Em um episódio recente, uma investida resultou em um criminoso ferido após tentar assaltar a equipe da vice-governadora, Priscila Krause, sublinhando a sensação de insegurança que permeia o cotidiano dos pernambucanos.
O plano de segurança do estado tem se mostrado insuficiente para conter a criminalidade crescente. As estatísticas apresentadas pelo governo, que apontam uma queda nas Mortes Violentas Intencionais (MVI) nas últimas três semanas, contrastam drasticamente com a realidade vivida pela população.
Hoje cedo, a governadora Raquel Lyra anunciou dados apurados durante reunião de monitoramento do Juntos pela Segurança, que analisa semanalmente os números da segurança pública no estado. Segundo ela, de 13 a 19 de maio, o estado registrou 52 MVI, “o menor número de 2024”. Na semana de 22 a 28 de abril, foram 86 MVI, seguidos de 74 MVI na semana de 29 de abril a 5 de maio, e de 68 MVI de 6 a 12 de maio. “O resultado representa uma queda de 39,5% neste tipo de crime no período”, diz.
Essa discrepância, contudo, levanta questionamentos sobre a eficácia das estratégias adotadas. Diogo Victor, presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), expressa uma insatisfação generalizada entre os profissionais de segurança pública. “Falta motivação, falta valorização, falta estrutura e falta efetivo”, afirma. Ele critica a ausência de políticas específicas para combater crimes organizados e argumenta que os protocolos de segurança devem focar em grupos de associações criminosas, priorizando a qualidade das ações sobre a quantidade, evitando assim uma “gincana” entre os agentes de segurança.
A situação crítica da polícia científica, que clama por melhorias, evidencia a carência de investimentos e de recursos adequados. A falta de estrutura e de efetivo comprometem a capacidade das forças de segurança em responder de forma eficaz às demandas da população.
Enquanto isso, o governo estadual parece mais preocupado em encontrar números para comemorar do que em enfrentar a raiz do problema. Em meio ao aumento da criminalidade, a promessa de que as câmeras de monitoramento voltarão a funcionar apenas a partir de agosto revela a lentidão e a falta de prioridade na implementação de medidas concretas e urgentes.
As entidades ligadas aos trabalhadores da segurança pública continuam a lutar por melhorias e tentam negociar condições melhores, porém sem avanços significativos. A realidade diária de violência e insegurança que faz vítimas constantemente em Pernambuco exige uma resposta rápida e efetiva do governo.