Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta as consequências devastadoras das chuvas torrenciais, um estudo recente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela uma realidade preocupante para as cidades brasileiras, especialmente as do Nordeste: a falta de preparo para lidar com eventos climáticos extremos. Em Pernambuco, essa situação atinge um ponto crítico, especialmente na Zona da Mata Sul e em áreas do Agreste e da Região Metropolitana. Cidades como Belém de Maria, Catende, Jaqueira, Maraial, Palmares, São Benedito do Sul, Xexéu, Barreiros, Rio Formoso e Água Preta são exemplos da apreensão constante, a cada inverno, com o risco de inundações.
Os dados alarmantes do levantamento da CNM revelam que apenas 22,6% dos municípios pernambucanos afirmaram estar preparados para o aumento de eventos climáticos extremos, enquanto 68% responderam negativamente. Mais preocupante ainda é o fato de que 57% das prefeituras indicaram não possuir sistema de alerta móvel ou fixo para desastres. Os problemas estruturais se estendem ao longo de décadas, com a construção do cinturão de barragens, iniciado em 2010, permanecendo incompleto até hoje, deixando a população vulnerável às intempéries da natureza. Além disso, a falta de investimentos em infraestrutura adequada agrava a situação, com obras sendo iniciadas e abandonadas ao longo do tempo.
A população, que relembra com temor as tragédias do passado, como as enchentes de 1975, 1986 e 2010, expressa preocupação com a chegada iminente do período chuvoso de 2024. Mesmo diante dos investimentos anunciados pelas autoridades, paira a dúvida sobre a real eficácia das medidas e a capacidade de resposta diante de uma possível nova catástrofe. Diante desse cenário, a pergunta que ecoa entre os moradores e especialistas é: estamos realmente preparados para enfrentar as chuvas que se aproximam? A resposta a essa questão torna-se cada vez mais urgente, enquanto o relógio avança e a temporada de chuvas se aproxima.