O Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgou, mais uma vez, o relatório sobre as obras paradas em Pernambuco, revelando um cenário alarmante que perdura ao longo de cinco eleições consecutivas (estadual e municipal). Desde o primeiro relatório, as obras permanecem estagnadas, enquanto apenas os valores dos contratos e o prejuízo financeiro aumentam.
Com um total de mais de 1,5 mil obras paradas, o prejuízo já alcança a cifra preocupante de R$ 7,2 bilhões. Os setores mais afetados são o saneamento, habitação, transporte e mobilidade, refletindo diretamente na qualidade de vida da população.
Dos 1.504 contratos analisados, 462 foram declarados paralisados pelos próprios gestores públicos, enquanto outros 1.042 apresentaram sinais de paralisação ou abandono, com gastos considerados irrisórios pelo tribunal – inferiores a 15% do valor total do contrato.
O ciclo vicioso entre anúncios de obras e eleições tornou-se evidente, com cinco pleitos realizados desde o início do registro dessas obras paradas pelo TCE. Cada nova eleição traz consigo promessas de conclusão, transformando as obras em meros argumentos de campanha e ferramentas para angariar votos.
A maioria das obras listadas no relatório teve direito a festas de inauguração, comemorações pomposas, vídeos para as redes sociais e verbas para divulgação. No entanto, após o gasto inicial de 15% do valor do contrato, muitas foram imediatamente paralisadas, evidenciando a priorização do marketing político em detrimento da conclusão efetiva das obras.
O caso emblemático do BRT, cuja conclusão era esperada desde 2013 e consta desde a primeira edição do relatório do TCE, reflete a falta de comprometimento com os compromissos assumidos. Da mesma forma, a BR-104, iniciada em gestões passadas e prometida em diversas campanhas eleitorais, só agora está sendo retomada na gestão atual.
É preocupante notar que quase 90% das obras paradas ou com indícios de paralisação concentram-se no período entre 2014 e 2022, justamente durante o domínio político do PSB no Estado e na capital, Recife. A cidade, aliás, é a que apresenta o maior número de obras paradas ou interrompidas em todo o estado.
Fica evidente a urgência de medidas efetivas para romper com esse ciclo de promessas vazias e prejuízos crescentes. A população pernambucana merece mais do que obras anunciadas e abandonadas, ela merece um futuro construído com responsabilidade e compromisso.