Uma viagem nostálgica ao passado do brega

Michelle Melo é uma das pioneiras na música brega pernambucana, que marcou uma época e abriu espaços para outras mulheres – Reprodução/Insta
Michelle Melo é uma das pioneiras na música brega pernambucana, que marcou uma época e abriu espaços para outras mulheres – Reprodução/Insta
No final da década de 1990 e início dos anos 2000, antes da era digital, eram os programas de televisão que desempenhavam o papel na difusão dos ritmos. Bandas como Dueto, Swing do Amor, Metade, Carícias, Ovelha Negra e Frutos do Amor se tornaram as trilhas sonoras das refeições, alimentando o público ávido por brega no intervalo do almoço. Normalmente, era nesse horário que as bandas se apresentavam nos programas de tvs.

Essas bandas, que marcaram uma era, posteriormente pavimentaram o caminho para nomes como Palas Pinho, Michelle Melo, Dany Myler, entre outras mulheres que agora brilham no mercado da música brega pernambucana. O blog Podacochar teve a oportunidade de conversar com algumas dessas mulheres, as verdadeiras precursoras que abriram os caminhos que os novos talentos agora percorrem junto delas.

Michelle Melo, uma dessas pioneiras, compartilhou sua trajetória e os desafios que enfrentou para chegar onde está hoje. Aos 14 anos, já encantava os palcos de barzinhos, bandas de garagem e até orquestras. Foi em 2019 que o brega cruzou seu caminho, transformando completamente sua vida.

“O que mais me encantou foi ver que o movimento era feito de moradores da periferia para a periferia, que os artistas eram aquelas mesmas pessoas que só dependiam dos próprios amigos e da fé para sobreviver”.

Michelle ressalta a facilidade de se apresentar em casas de shows na periferia, onde podiam se conectar com o público local. “A gente cantava lá o nosso dia a dia. Sem palavras difíceis”, comenta. Inicialmente, a artista entrou na banda Cabaré e depois recebeu o convite para a banda Metade, mesmo com receios devido ao teor mais ousado das músicas.

“Por ser moradora de periferia e precisar da grana, eu passei por cima dos julgamentos e topei entrar na banda Metade. Pra nossa surpresa, a primeira música que eu gravei, ‘Lua de Mel’, estourou. Depois disso, foi um sucesso atrás do outro”, relembra.

A trajetória de Michelle Melo não foi isenta de desafios, especialmente em uma época dominada por homens no cenário do brega. “Eles eram os protagonistas, então a gente tinha que abrir esse espaço. Lutar por esse lugar foi muito difícil, porque lutamos contra julgamentos. Mas tudo isso me tornou a mulher forte que eu sou”, confessa. Hoje, ela celebra o sucesso contínuo no cenário do brega, evidenciado por momentos marcantes como apresentações no Marco Zero e no Baile Municipal. Além disso, destaca a importância do brega em sua vida, com a conquista de um trio elétrico no Galo da Madrugada. O legado das pioneiras continua a ecoar, enriquecendo o brega pernambucano com histórias de superação, força e autenticidade.

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