Na Câmara Municipal de Caruaru, são poucos os vereadores que têm abraçado a causa do Hospital da Fusam, conhecido como Hospital Regional Jesus Nazareno (HRJN). Sem muitas explicações, a unidade teve seu atendimento suspenso pelo governo estadual e está com os dias contados para fechar definitivamente as portas. A Secretaria de Saúde do Estado (SES) já confirmou que os atendimentos serão redirecionados para o Hospital da Mulher do Agreste (HMA), sem, contudo, informar quando isso irá acontecer.
Essa decisão tem repercutido significativamente na capital do Agreste, provocando manifestações populares e mobilizando categorias como médicos e enfermeiros, que realizaram um grande protesto nesta semana. A vereadora Perpétua Dantas, uma das poucas que tem liderado essa luta no legislativo municipal, argumenta que o HMA não tem previsão de abertura e que a população enfrentará dias difíceis na saúde da cidade.
“Não temos sequer data para abertura dessa unidade. E quando for aberta, não vai suprir a demanda da população. Precisamos otimizar a quantidade de leitos e não diminuir. Hoje, Caruaru ainda encaminha gestantes de alto risco para Recife, e isso porque a unidade da Fusam dispunha de 119 leitos. Imagine agora”, questiona a parlamentar. Para Perpétua, essa decisão passa por questões financeiras e não sociais.
Ela esclarece que a unidade de saúde está localizada em uma área nobre, e a especulação imobiliária é grande. “O motivo é o lucrativo mercado imobiliário, pois o hospital está no bairro Maurício de Nassau”. Há quem diga também que existe um segundo interesse. De acordo com a vereadora, o Hospital Português estaria por trás dessa decisão de encerrar os serviços no Jesus Nazareno.
Um vídeo que circula na região denuncia o fechamento da maternidade de maior movimento em Caruaru, algo que vinha sendo discutido pelo Governo do Estado desde o ano passado. Desmente, também, a informação de que a Maçonaria, proprietária do terreno onde existe o Hospital da Fusam, queria a devolução do mesmo. Outros argumentos que caem por terra são quanto à dificuldade de acesso e falta de condições para reformas.
No vídeo, o médico Frederico Araújo afirma que o hospital tem uma distância de menos de 2 quilômetros da via principal de acesso à cidade, que é a BR-104, e descontrói a negativa a reformas, ao afirmar que, ao longo das décadas, inúmeras reformas foram feitas no local, concluindo que existem razões claras para o fechamento dessa unidade de saúde.
O HRJN, criado na década de 1940, é referência para gestação de alto risco para 90 municípios pernambucanos, onde ainda estão incluídas as microrregiões de Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Arcoverde, Garanhuns e Caruaru, abrangendo uma população de cerca de 2,5 milhões de habitantes.