Representantes de diversos setores, incluindo governamentais, entidades de classe, médicos, especialistas, donos de clínicas e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) participaram, nesta manhã (13), da audiência pública sobre a crise no setor de hemodiálise em Pernambuco. O evento foi conduzido na Comissão de Saúde e Assistência Social, atendendo ao pleito do deputado estadual Luciano Duque, que tem se dedicado a abordar essa questão sensível na Assembleia Legislativa do estado. Atualmente, mais de 6.500 pacientes renais crônicos realizam tratamento nas clínicas de diálise conveniadas ao SUS em Pernambuco.
A falta de vagas nos ambulatórios de hemodiálise, que atendem ao estado, tem gerado uma crise humanitária na saúde. O setor se queixa de subfinanciamento e defasagem na remuneração repassada pelo Ministério da Saúde. Segundo empresários do setor, a situação impede o investimento em estrutura para a abertura de novas vagas. O SUS remunera cada sessão de hemodiálise por R$ 240,97, enquanto o custo real de uma sessão é de R$ 305,00. Portanto, o tratamento de um paciente renal crônico, atendido em uma das unidades, gera um prejuízo de R$ 64,03, motivo pela qual, as clínicas estariam sucateadas, endividadas e algumas já sem recolher obrigações trabalhistas e tributárias. Mensalmente, somado o prejuízo de todas clinicas de hemodiálise do estado, chega a mais de R$ 5 milhões.
O deputado Luciano Duque ressaltou que as clínicas absorvem o prejuízo, o que as leva a uma situação precária e de endividamento, e algumas até mesmo sem cumprir obrigações trabalhistas e tributárias. Ele disse que nos últimos anos, governos do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul passaram a destinar recursos próprios para complementar os repasses federais e garantir a continuidade dos serviços de diálise aos pacientes do SUS. “Esse cofinanciamento resulta na oferta de mais vagas nas clínicas, ajudando a reduzir as filas de pacientes que aguardam por diálise, até mesmo internadas em hospitais para realizar a terapia. Assim como nestes estados, precisamos chegar a uma solução para a situação, aqui, em Pernambuco, que beira uma crise humanitária”, completou.
Os participantes ainda denunciaram que mais de 200 pacientes crônicos, que poderiam ser atendidos de forma ambulatorial, ocupam leitos hospitalares. A deputada Socorro Pimentel, presidente da comissão, alertou para um aumento no número de pessoas necessitando de atendimento. “Mais de seis mil pacientes crônicos precisam de uma máquina e temos apenas 27 unidades no estado. A conta não fecha. A gente sabe que todos os dias esses pacientes crescem, isso sobrecarrega o serviço e leva muitos a judicializarem os casos para garantir o tratamento e a vida”, enfatizou.
A gerente do SUS do RHP, Luciene Lima, pediu socorro para a hemodiálise, destacando que o serviço especializado é caro e não tem recebido acompanhamento financeiro adequado. Ela alertou para um colapso, ressaltando que “somos o único para atender o soro positivo, e nós não temos vagas”. O representante do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Pernambuco (Sindihospe), Clóvis Carvalho, solicitou o apoio da casa, do estado, município e ente federal para encontrar uma solução para a crise. Ele também destacou a adesão ao cofinanciamento, como uma medida necessária, imediata e possível para enfrentar o problema. “Esperamos um fim para resolver essa crise”, concluiu.