A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a crise provocada pela Braskem em Maceió (AL) tem se tornado um tema de discordância na capital federal. Enquanto uma ala de políticos defende a CPI, outra, muito influente, não deseja que o assunto ganhe dimensão. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), autor do pedido de CPI, quer que que a comissão aconteça antes do recesso de fim de ano, inclusive já se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Democratas-MG), para discutir o assunto.
No entanto, Renan enfrenta resistências, especialmente do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), seu adversário político em Alagoas, e do Governo Lula, que preferem evitar a amplificação do tema. A falta de mobilização dos líderes políticos prejudica o processo, e a bancada da Bahia, por exemplo, ainda não indicou seus representantes, havendo também parlamentares contrários à CPI.
A questão central reside na possibilidade de a CPI expor o que aconteceu em Maceió com a empresa responsável pela mineração de sal-gema. A capital alagoana é o reduto de Arthur e Renan, ambos rivais, e muitos parlamentares temem entrar em conflito com o presidente da Câmara dos Deputados.
Na semana passada, o senador Renan reforçou, por meio de um post no X (antigo Twitter), a necessidade de uma investigação do Senado, descrevendo a crise em Maceió como “o maior crime ambiental do mundo”. Renan expressou disposição em enfrentar resistências, chegando até ameaçar recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a realização da comissão.
Enquanto as disputas políticas persistem, a população testemunha o afundamento do solo em Maceió. Movimentos sociais e ativistas ambientais acompanham de perto a situação, acreditando que a Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional pode ser um passo crucial para responsabilizar a empresa Braskem e buscar soluções que reduzam o impacto predatório da mineração no Brasil.