Brega nacionalizado: o impulso da academia

Em seu livro "A Vida é Perfeita e Ninguém é Assim”, Soares contextualiza a ascensão das mulheres no brega desde 2000
Em seu livro "A Vida é Perfeita e Ninguém é Assim”, Soares contextualiza a ascensão das mulheres no brega desde 2000

O verso retirado da música do bregueiro Conde Só Brega, “Ninguém é Perfeito e a Vida é Assim”, ressoa por Pernambuco, inspirando a obra do professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, Thiago Soares. Ontem (21), ele participou, junto a outros artistas, produtores culturais e intelectuais, de uma audiência na Câmara Federal, celebrando a nacionalização do movimento brega. No evento, o professor, juntamente com artistas como Conde, Dany Myler, Nega do Babado e Michele Melo, entoou uma canção do seresteiro romântico e brega Reginaldo Rossi, destacando a expansão do movimento além das fronteiras pernambucanas.

Em sua intervenção durante a audiência pública, Thiago enfatizou a importância do brega como impulsionador cultural do estado, especialmente nas periferias da capital. Seu trabalho serviu de base para o Projeto de Lei do deputado Pedro Campos (PSB), que propõe o estabelecimento do Dia Nacional do Brega. Além disso, suas pesquisas respaldaram outras duas proposições municipais e estaduais que reconhecem o brega como expressão cultural de Pernambuco e Patrimônio Imaterial do Recife.

O professor mencionou que o brega tem sido objeto de estudo acadêmico, com 67 teses e dissertações em todo o Brasil, incluindo 23 pesquisas concluídas em Pernambuco pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), e que essa compreensão abrangente do brega é possível graças à produção científica brasileira, particularmente nas ciências sociais. “A gente só consegue ter essa dimensão da capilaridade do brega através das pesquisas acadêmicas e da ciência que é produzida no Brasil, especificamente das ciências sociais.”

Ainda durante sua participação, Thiago falou do seu papel como pesquisador, citando seu livro de 2017, “Ninguém é Perfeito e a Vida é Assim: A Música Brega em Pernambuco”, financiado pelo Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultura). “O trabalho foi instrumental para o reconhecimento do brega como expressão cultural e Patrimônio do Recife”. Ele ressaltou a importância da pesquisa universitária na construção da história do brega, desmistificando seu estigma. Segundo Thiago, a educação é fundamental para compreender as dinâmicas das periferias e combater estereótipos. E finalizou: “o papel da universidade pública na pesquisa sobre música popular periférica tem enorme importância nas cotas. Grande parte dos estudantes hoje que se interessam em estudar brega são, em sua grande maioria, pessoas negras, vindas das periferias”.

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