Nas eleições mais desafiadoras das últimas quatro décadas na Argentina, após o retorno à democracia pós-Ditadura Militar, o economista ultraliberal Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, conquistou a presidência em uma virada no segundo turno contra o adversário Sergio Massa. Aos 52 anos, Milei enfrentará uma crise econômica severa, com a maior inflação em mais de 30 anos, dois quintos da população vivendo na pobreza e desvalorização cambial, além de uma dívida externa bilionária e reservas internacionais limitadas.
A vitória surpreendente do novo presidente suscitou preocupações no Brasil, visto que seu discurso radical levanta questões sobre possíveis impactos nas relações bilaterais entre os dois países vizinhos. Durante a campanha, o Brasil foi alvo de ataques do argentino, que é próximo da família Bolsonaro. Milei expressou críticas públicas ao presidente Lula, rotulando-o de “ladrão”, “comunista nervoso”, “corrupto” e “autoritário”.
Além disso, o novo presidente argentino propõe o fim do Mercosul, justamente quando o governo brasileiro busca fortalecer o bloco regional. Essa divergência de perspectivas sobre a integração regional adiciona complexidade às relações entre Brasil e Argentina, destacando a necessidade de uma abordagem diplomática cuidadosa diante das divergências políticas e econômicas emergentes.
Apesar de não citar o nome de Milei, o presidente Lula desejou “boa sorte” ao novo governo argentino nas redes sociais. Disse também que o Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com “nossos irmãos argentinos”. O governo brasileiro, por sua vez, orientou a evitar provocações em relação à vitória de Milei, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro celebrou o resultado, afirmando que a “esperança voltou a brilhar” na América do Sul e reiterando sua promessa de comparecer à posse do aliado argentino.