O Brasil observa com atenção o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, com desfecho neste domingo, (19), onde dois candidatos antagônicos, Sergio Massa e Javier Milei, competem em uma disputa acirrada. A relevância desse evento transcende as fronteiras, trazendo implicações tanto políticas quanto econômicas para o país vizinho e para o Brasil.
A Argentina, há anos, figura como o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para os Estados Unidos e a China. Em 2022, as exportações brasileiras para o país atingiram US$ 15,3 bilhões, representando 4,5% do total das exportações nacionais. Essa dinâmica comercial, somada à participação conjunta no Mercosul, confere à eleição argentina uma dimensão estratégica para o Brasil.
No âmbito político, a proximidade de Sergio Massa com o presidente Lula tem gerado controvérsias, com alegações de interferência brasileira em favor de Massa. Por outro lado, Javier Milei, crítico dos governos chinês e brasileiro, desperta ceticismo em relação às suas propostas para o Mercosul, chegando a defender sua eliminação.
As declarações de Milei, incluindo seu apoio a Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022, intensificam as incertezas sobre as relações bilaterais entre Argentina e Brasil. Analistas expressam preocupações quanto ao futuro dessas relações, especialmente diante da postura de Milei em relação ao Mercosul. Em agosto, Milei afirmou acreditar na necessidade de “eliminar” o Mercosul, adicionando uma camada de apreensão sobre o impacto dessa possível mudança na dinâmica comercial regional.
Diante desse cenário, o Brasil enfrenta a difícil tarefa de equilibrar interesses políticos e econômicos na sua relação com a Argentina. O desfecho das eleições moldará não apenas o futuro político do país vizinho, mas também terá repercussões diretas sobre a economia brasileira e sua posição no contexto sul-americano. A atenção cuidadosa a esses desenvolvimentos é imperativa para antecipar e responder adequadamente aos desafios que se apresentarão.