Assim que tomou conhecimento das palavras da vereadora Zirleide Monteiro (PTB), que proferiu comentários durante uma sessão na Câmara dos Vereadores de Arcoverde, afirmando a uma mãe de um autista que seu filho era um castigo de Deus, o Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos dos Autistas (IBDTEA) manifestou veementemente seu repúdio à atitude considerada capacitista.
O instituto prontamente apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público de Pernambuco, alegando crime de discriminação, e comunicou que acompanhará o desdobramento do caso. “Não podemos aceitar que parlamentares, no exercício de seus mandatos, ajam de maneira ilegal e desumana, demonstrando um espírito de vingança contra a população, especialmente contra uma mãe de um autista.”
Em seu canal dedicado à causa autista, o IBDTEA destacou que a Lei Brasileira de Inclusão, em seu artigo 88, estabelece que “praticar, induzir ou incitar a discriminação de uma pessoa devido à sua deficiência é crime, sujeito a pena de reclusão de um a três anos, além de multa.”
O assunto ganhou destaque em todo o país nesta segunda-feira (31) e foi amplamente debatido em diversas casas legislativas e veículos de comunicação. Nas redes sociais, a vereadora se tornou motivo de chacota e as hashtags #meufilhonãoécastigo e #minhafilhanãoécastigo foram utilizadas em inúmeras postagens. Vários outros grupos e canais que lutam pela causa autista também emitiram notas de repúdio e exigiram um pedido de retratação por parte da vereadora Zirleide Monteiro.
A vereadora de Arcoverde, natural da região sertaneja, usou a tribuna durante a sessão legislativa na noite da última segunda-feira (30) para dirigir ataques a uma mãe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Zirleide e a mulher mencionada teriam tido um desentendimento alguns dias antes.
Além disso, a vereadora prosseguiu em suas declarações, sugerindo que a mulher estava pagando por uma atitude que havia tomado no último fim de semana. Ela declarou: “Está nas mãos de Deus. Está entregue e quem age desta forma aqui, pagará por suas ações aqui mesmo. Não será recompensado no futuro, está claro?”.
Após a fala da vereadora, o presidente da Câmara, Wevertton Siqueira, manifestou imediatamente seu repúdio às palavras da parlamentar. Siqueirinha, como é conhecido, lamentou profundamente a atitude da colega e pediu desculpas em seu nome durante a sessão. Ele declarou: “Acredito que as palavras da senhora foram infelizes, ao afirmar que a deficiência de um filho resulta de um castigo por ser uma pessoa má ou boa. Em nome da vereadora Zirleide, como presidente, peço desculpas a todas as mães de crianças com deficiência em Arcoverde, em Pernambuco e em todo o Brasil.” Em nota oficial, a Câmara de Vereadores de Arcoverde afirmou que sua Assessoria Jurídica está avaliando o caso.