Há um risco real de o país parar de funcionar neste final de ano, e o presidente Lula terá poucas opções para evitar isso, dado que o Congresso Nacional é responsável pela análise das matérias de competência da União, incluindo o orçamento do próximo ano. Um plano em andamento, que envolve mais de 100 deputados, tenta obstruir os projetos enviadas à Câmara Federal e ao Senado, com destaque para o orçamento de 2024.
Sem recursos disponíveis, o governo Lula não conseguirá executar as ações planejadas para o exercício financeiro de 2024, incluindo serviços essenciais como o SUS e até mesmo iniciativas mais simples, como o disque-denúncia. Nas redes sociais, parlamentares da ultradireita e militantes conservadores estão pedindo apoio com mensagens como “Estamos em obstrução. Pedimos sua compreensão. É pelo futuro do Brasil.” Essa estratégia está em curso desde setembro e ganhou força em outubro.
A base tenta minimizar a situação argumentando que a paralisação do orçamento prejudicaria a todos, uma vez que está em jogo a execução de emendas e recursos extras para estados e municípios.
O líder do Partido Verde na Câmara Federal, deputado Clodoaldo Magalhães, admitiu que há movimentos da oposição, os quais ele considera normais em espaços de disputa de poder e por pautas antagônicas. “A oposição precisa determinar uma linha, em especial para suas bases, com movimentos deste tipo”.
Ele também destacou que essa reação é uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), particularmente em questões que contrariam interesses de grupos, como o caso do Marco Temporal. “É importante perceber que esta pressão atende a interesses de grupos de poder político. Além do marco, outros assuntos, principalmente da pauta de costumes, foram pautados e esse movimento configura-se, mais uma vez, como uma resposta estratégica para a oposição e os conservadores”.
Por fim, o parlamentar acredita que essa movimentação não afetará o orçamento, pois os próprios deputados dependem desses recursos para seus municípios, incluindo os impositivos. Além disso, observou que o calendário de destinação de emendas não foi cumprido, algo que não interessa a ninguém, lembrando que o próximo ano é uma eleição municipal.